Fósseis com cerca de 300 milhões de anos, descobertos na Bacia Carbonífera do Douro em Gondomar, permite remontar ao clima passado da região onde agora fica o Douro. A região tinha um clima tropical, mas um período mais seco fez com que as plantas se tivessem de adaptar.
Os fósseis de Iberisetum wegeneri pertencem a um novo grupo de plantas e têm, segundo Pedro Correia, paleontólogo e investigador do ICT – Instituto das Ciências da Terra/FCUP características “morfológicas singulares”. “Esta região da Península Ibérica teve um clima muito próprio que favoreceu a origem de muitas espécies endémicas com características morfológicas singulares, uma delas foi este fóssil que descobrimos na Bacia Carbonífera do Douro.”
Uma das características singulares destas plantas é “possuírem bainhas foliares com uma organização heliotrópica” que representam “uma novidade evolutiva para os equisetales [ordem de plantas]”. “As bainhas foliares funcionavam como painéis solares, onde as folhas estavam orientadas para o Sol para capturar o máximo de luz para a fotossíntese”, esclareceu o investigador.
Os fósseis de Iberisetum wegeneri representam um novo género e uma nova espécie de um grupo extinto de plantas articuladas [designadas “esfenopsídeas] primitivas, “um grupo ancestral distante do actual Equisetum”, género que agrupa as espécies conhecidas como cavalinhas.
Para Pedro Correia, a descoberta deste fóssil “comprova que os ambientes intramontanos da bacia do Douro tinham um clima muito próprio que favoreceu o aparecimento de espécies que são endémicas àquele local”. “A região era tropical, mas passou por um evento seco, semiárido, e as plantas residentes tiveram de se adaptar ao local, daí a descoberta destes fósseis plantas com características muito singulares”, acrescentou.
A descoberta foi publicada na revista Historical Biology, sendo que o nome dado ao novo fóssil surge em homenagem ao geólogo e meteorologista alemão Alfred Wegener, autor da famosa teoria da deriva continental.