Como a ciência pode ajudar a mitigar os incêndios florestais? Sérgio Godinho e Nuno Guiomar na Rádio Ciência, Diana FM

Os incêndios florestais são um dos fenómenos que mais assolam o nosso país e estão entre as preocupações dos cientistas. Mas como pode a ciência ajudar a mitigar estes fenómenos ou o seu impacto?

Porque existem ignições que dão origem a grandes incêndios?

Sérgio Godinho, Investigador do Instituto de Ciências das Terra (ICT) pólo de Évora e Nuno Guiomar, Investigador do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Évora (MED) estiveram na Rádio Ciência na Diana FM a falar sobre os avanços na investigação e a sua importância para o combate aos incêndios florestais.

Sérgio Godinho é especialista em deteção remota e utiliza a informação de um conjunto de satélites com características distintas que permitem observar o tipo, a estrutura e a condição da vegetação. Permitem retirar informação, por exemplo, sobre a altura da vegetação, “quanto mais alta a vegetação, maior a biomassa no local e quanto maior a biomassa, maior será probabilidade de uma ignição que possa ocorrer naquele local dar origem a um grande incêndio” diz-nos Sérgio Godinho. 

“Atualmente os mecanismos de alerta estão baseados num conjunto de indicadores meteorológicos. O que acontece é que, nos períodos de Verão, o que obtemos são macro regiões, muito extensas, com esse nível de perigosidade. Esta informação que deriva dos dados de satélite permite restringir as áreas que oferecem maiores condições para o fogo se propagar e desafiar a capacidade de combate”, refere Nuno Guiomar.  

“Não podemos antecipar os comportamentos e adivinhar onde as ignições ocorrem, mas através da combinação dos dados dos satélites com os meteorológicos conseguimos ter uma noção mais precisa de onde o fogo se pode comportar acima da capacidade de extinção”, continua o investigador.

Sérgio Godinho acrescenta: “Portugal é considerada a Califórnia da Europa, os grandes incêndios que vimos nos Estados Unidos podem ser comparados com Portugal.” No entanto, estamos a verificar uma maior ocorrência e uma maior severidade de incêndios um pouco por toda a Europa. “Porque não ser Portugal a lançar junto da Agência Espacial Europeia a ideia da construção de um satélite cem porcento focado na monitorização dos incêndios?” continua o investigador.

“Há uma emergência europeia neste domínio que se refletiu num conjunto de programas de investimento lançados pela Comissão Europeia”, reforça Nuno Guiomar.

Com vários projetos a arrancar, a utilização de satélites nesta área de investigação a dar os primeiros passos na Universidade de Évora, e o conhecimento já consolidado dos regimes de fogos, a investigação está a dar novos passos e a abrir caminhos para um combate mais eficaz aos incêndios florestais.

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