ICT desenvolve metodologia inédita de fusão de dados geofísicos, magnéticos e de georradar para interpretar estruturas arqueológicas enterradas no solo

Os investigadores do grupo de Geofísica Aplicada a Arqueologia do ICT (Grupo 6), Rui Oliveira, Bento Caldeira, José Borges e Mourad Bezzeghoud, em colaboração com Teresa Teixidó do Instituto Andaluz de Geofísica da Universidade de Granada, Espanha, publicaram um artigo na revista Frontiers in Earth Science (Specialty Section: Solid Warth Geophysics), que apresenta uma metodologia inédita de fusão de dados geofísicos de dados magnéticos e de georradar.

Na exploração geofísica ocorrem duas situações, que embora muito diferentes, possuem um denominador comum ao nível da informação que o modelo final pode fornecer. A primeira situação ocorre quando é feita a interpretação conjunta dos resultados, em que cada um dos modelos apresenta uma resposta diferente do subsolo; por exemplo, o mapa de anomalias magnéticas é diferente do mapa de anomalias de GPR. Associar estas respostas à mesma estrutura arqueológica é uma tarefa meticulosa que depende da experiência pessoal do geofísico. A segunda situação ocorre quando, na exploração do subsolo, há muito pouco contraste entre as estruturas e o ambiente. É então habitual e recomendado, incorporar outro método de varrimento que reaja a outro parâmetro físico da matéria.

Seguindo a linha de investigação deste problema, foi proposta uma metodologia de fusão dos modelos obtidos por métodos de exploração diferentes. A ideia foi criar uma imagem combinada, calculada segundo uma metodologia similar à da fusão de imagens em Medicina para deteção de tumores.

A metodologia de fusão de modelos construída permitiu a obtenção de uma imagem final do subsolo com melhor nitidez e qualidade que os dados originais, concentrando a informação dos dois tipos de anomalias sobre o mesmo corpo que as produz.

Após testar esta nova metodologia em diferentes casos de estudo, os resultados permitem, sem dúvida, considerá-la um valioso contributo para a interpretação de anomalias geofísicas e para a compreensão arqueológica do local.

Esta metodologia foi aplicada a dados geofísicos obtidos na Villa Romana de Pisões (Beja, Portugal), tendo contribuído para melhorar a interpretação sobre as estruturas arqueológicas enterradas no local.

O artigo (acesso aberto) está disponível no seguinte endereço: https://doi.org/10.3389/feart.2022.1011999

Citação: Oliveira RJ, Caldeira B, Teixidó T, Borges JF and Bezzeghoud M (2022), Geophysical data fusion of groundpenetrating radar and magnetic datasets using 2D wavelet transform and singular value decomposition. Front. Earth Sci. 10:1011999.