Portugal começa a arder todo o ano? Aumento de fogos ativos em Portugal entre dezembro 2021 e fevereiro 2022 é alvo de estudo do ICT

Atualmente, os incêndios florestais tornaram-se um problema transversal que ameaça várias regiões do mundo. Os grandes incêndios resultam da interação de múltiplos fatores, e as mudanças na estação dos incêndios poderão ter implicações nos vários sistemas da Terra, além de afetar diferentes atividades socioeconómicas.
Os investigadores do Instituto de Ciências da Terra e da Universidade de Évora, Doutor Flavio T. Couto e Professor Rui Salgado, juntamente com os estudantes de pós-graduação Filippe Santos, Cátia Campos, Nuno Andrade e Carolina Purificação, acabam de publicar um estudo onde mostram um aumento na ocorrência de fogos ativos entre os meses de dezembro de 2021 e fevereiro de 2022 em relação aos últimos dez períodos de inverno (2013-2022), sugerindo que a mudança climática pode criar condições atmosféricas propícias ao desenvolvimento de incêndios mesmo durante o inverno. As temperaturas amenas, o ar seco e o escoamento de leste que afetaram o Norte de Portugal, desempenharam um papel importante no incêndio que ocorreu a 28 de janeiro de 2022. Os efeitos orográficos locais associados com um escoamento descendente na região da Serra de Montesinho favoreceram a propagação do incêndio. Dada a falta de publicações sobre a ocorrência de grandes incêndios no inverno, este estudo é um ponto de partida para futuros trabalhos sobre esta temática.

O artigo intitula-se “Is Portugal starting to burn all year long? The transboundary fire in January 2022” foi publicado no Jornal “Atmosphere” e está disponível em https://doi.org/10.3390/atmos13101677.