Em ano de seca, Alqueva comemora 20 anos – Professor Rui Salgado entrevistado pelo Euroregião

Foi precisamente há 20 anos, em fevereiro de 2002, que fecharam as comportas da barragem do Alqueva, entre Évora e Beja. O Alqueva, o maior lago artificial da Europa tornou-se numa reserva hídrica estratégica no Alentejo.

Num ano em que perto de metade do território nacional, incluindo o Baixo Alentejo, se encontra em seca extrema ou severa, o Alqueva continua a ter cerca de 77% das suas reservas de água.

“O Alqueva continua a ter bastante água, ao contrário de todas as pequenas barragens e albufeiras aqui do sul, e mesmo algumas no centro e norte do país. O que quer dizer que mesmo que este ano não chova mais, Alqueva vai manter a água, vai permitir o abastecimento humano, vai permitir na mesma a irrigação e a agricultura, e vai poder ser usado para encher um conjunto de pequenas albufeiras aqui da região. Esse primeiro objetivo [de criação de uma reserva hídrica] foi manifestamente conseguido e tem uma enorme importância para a região,” destaca o académico, acrescentando que “havia na altura [da elaboração do projeto] quem defendesse não fazer a barragem, ou fazer numa cota mais baixa, e isso não teria criado esta reserva estratégica que o Alqueva criou, que é de uma enorme importância e tem muitas potencialidades para o futuro”.

Todas as previsões apontam para que o sul de Portugal seja uma das regiões “mais afetadas pela redução de precipitação”, algo que já se está a observar este ano. Nesse sentido, o “Alqueva vai se tornar ainda mais importante” e “é necessário ter cuidados acrescidos do ponto de vista da gestão da água”, alerta Rui Salgado.

A opção por culturas adaptáveis e sazonais ao invés da agricultura intensiva e superintensiva, também foram temas abordados na entrevista, assim como o repensar a utilização da barragem para a produção de energia “a utilização, num ano destes, da água das albufeiras para gerar energia é bastante precipitada porque esta água vai fazer falta para outros usos, para os quais não existem alternativas”.

Leia aqui a entrevista completa.