ICT em projeto com NASA e ESA para ir ao asteroide Didymos e à sua lua

O Professor Rui Melício do Instituto Ciências da Terra – ICT/ Universidade de Évora, IDMEC – Instituo Superior Técnico integra a equipa do projeto NEO-MAPP/ESA que pretende conhecer o asteroide Didymos e a sua lua e alterar a sua rota.

A NASA (Agência Espacial Norte Americana) lançou no dia 1 de dezembro, a partir de uma base na Califórnia, a missão DART, com o objetivo de mudar a trajetória dos asteroides Didymos a 11 milhões de quilómetros da Terra, o equivalente a 2 vezes a distância da Terra ao sol ir e vir.

O resultado só será apurado em 2026 pela missão HERA da ESA (Agência Espacial Europeia) que terá piloto automático e um LIDAR desenvolvido em Portugal com a colaboração de um investigador do ICT/Faculdade de Ciências da UL/Sinopsis Planet.

Apesar do asteroide Didymos a da sua lua não serem uma ameaça à vida na Terra, esta missão vai testar a possibilidade de, através do impacto, alterar a trajetória de asteroides.

A 20 mil quilómetros por hora, um meteorito de 100 metros gera uma cratera de 1 km de diâmetro e um rasto de destruição num diâmetro de 10 kms. Um meteorito de 1 km arrasa uma área de 100 km, desencadeia sismos e tsuamis em vários pontos do globo e dispersa poeiras capazes de alterar o clima e destruir parte da vida na Terra.

Sendo hoje possível detetar, até 10 anos atempadamente, uma colisão com meteoritos de grande dimensão, existe uma margem de 4 a 5 anos para desenvolver missões específicas.

A missão da NASA pretende gerar um impacto a 25 mil quilómetros hora contra Dymorphos, o asteroide de 170 metros de diâmetro que orbita em torno de Didymos de 780 metros. Além da cratera, prevê-se a alteração imediata de 1mm por segundo na velocidade do asteroide que, com a força da gravidade, acabará por influenciar a trajetória do elemento maior do par. Passados 10 anos, essa alteração na rota pode representar um desvio de centenas de quilómetros.

É a prática da metáfora do bilhar espacial, mas com o objetivo de evitar colisões em cadeia.

A missão da HERA será perceber se este jogo de bilhar é viável e eficaz a alterar a trajetória dos asteroides.

Do que são feitos os asteróides?

A HERA vai ser lançada em 2024 com o objetivo de ser colocada numa trajetória por forma a coincidir com a trajetória dos dois asteroides em 2026. O LIDAR a bordo da HERA vai recolher dados por forma a reconstruir a fisionomia dos asteroides e apurar o que têm no interior.

Segundo o Professor Rui Melício, este projeto, ao ter investigadores em equipas espaciais internacionais, é um contributo muito importante para o ICT e para desenvolvimento do aeroespacial em Évora e em Portugal.