Captura, utilização e armazenamento de carbono: Portugal em foco no novo artigo do Projeto STRATEGY CCUS, integrado pelo ICT

Portugal é uma das regiões alvo do novo estudo “Regions in focus: Building the case for CCUS in Portugal and France” sobre as tecnologias de mitigação das alterações climáticas conhecidas como CCUS – CO2 Capture, Utilisation and Storage (captura, utilização e armazenamento de carbono).

A região de estudo selecionada em Portugal fica na chamada Bacia Lusitaniana, e estende-se pela zona Oeste de Portugal, quer em áreas onshore quer offshore, abrangendo as principais instalações emissoras de CO2 situadas entre Porto e Lisboa.

A capacidade de captura, utilização e armazenamento de CO2 da bacia lusitana é de 3.1 gigatoneladas. Esse é o valor expectável de capacidade total de armazenamento de CO2 relativamente ao recurso de armazenamento (formações geológicas) de CO2 em Portugal. Das 3.1 Gt, cerca de 2.9 Gt foram estimadas para os potenciais reservatórios em áreas offshore da Bacia Lusitaniana, sendo o restante valor (cerca de 260 megatoneladas, i.e., 260 Mt) para os potenciais reservatórios em áreas onshore localizadas na região de Leiria. 

Este valor corresponde à capacidade de armazenamento de aquíferos salinos profundos (ou seja, o volume expectável de CO2 a ser armazenado a grandes profundidades – entre os 800-2500m), que é um dos tipos de formações geológicas adequadas (ou seja, o chamado recurso de armazenamento) para a implementação da última componente das tecnologias de CCUS – a do armazenamento.

Na figura abaixo estão identificados os principais pontos emissores estacionários de CO2 em Portugal em cada sector industrial alvo (a maioria deles considerados no projeto STRATEGY CCUS) bem como as unidades de armazenamento geológico (polígonos a azul) referentes aos potenciais reservatórios – os aquíferos salinos profundos.

 

Pedro Pereira, investigador do ICT, explica que estas tecnologias apresentam um potencial bastante relevante na contribuição para a redução da emissão de gases com efeito de estufa, nomeadamente o dióxido de carbono (CO2). Inicialmente designadas por CCS, tendo como principal finalidade o armazenamento/ sequestro permanente de CO2, com a adição de uma nova componente – Utilization (CCUS), estas tecnologias permitem não só reduzir as emissões globais de CO2 a curto, médio e longo prazo, mas também a utilização do próprio CO2 que é capturado e armazenado, através do seu armazenamento geológico temporário. A sua utilização pode abranger diversas finalidades, como por exemplo a utilização de CO2 em estufas ou na produção de combustíveis sintéticos, refere Pedro Pereira. Em suma, as tecnologias de CCUS são expectáveis desempenharem um papel fulcral na descarbonização da indústria e da economia, contribuindo globalmente em cerca de 15% entre as várias ações estabelecidas para a transição energética, permitindo assim a redução das emissões de CO2 e ao mesmo tempo promover a economia circular e (re)utilização deste recurso por parte das indústrias.  

 

O projeto STRATEGY CCUS – Strategic planning of Regions and Territories in Europe for low-carbon energy and industry through CCUS Coordination and Support Action – é um projeto da União Europeia liderado pelo BRGM, o Instituto francês de investigação geológica e mineira, e é uma colaboração de 17 parceiros académicos e industriais de 10 países (França, Espanha, Portugal, Grécia, Croácia, Reino Unido, Roménia, Polónia, Alemanha e Noruega).

O ICT integra o projeto STRATEGY CCUS e coordena o WP2 em que se avalia as condições técnicas para implementação da captura, transporte, utilização e armazenamento de CO2 nas oito regiões de estudo.