ICT na Antena2: Conhecer os incêndios e o CILIFO, projeto que reúne investigadores portugueses e espanhóis para estudar as regiões do sul de Portugal e da Andaluzia

A Antena 2 falou com o professor Rui Salgado, geofísico, coordenador do CILIFO e do Instituto Ciências da Terra na Universidade de Évora sobre os incêndios e o CILIFO, projeto transfronteiriço que reúne investigadores portugueses e espanhóis para estudar as regiões do sul de Portugal e da Andaluzia. 

A Universidade de Évora tem vários projetos na área dos incêndios. O maior, o CILIFO – Centro Ibérico de Investigação e Combate aos Incêndios Florestais, junta cientistas portugueses e espanhóis das Universidades de Huelva, Cordoba, Cadiz e Sevilha com o objetivo de reforçar os sistemas transfronteiriços de combate aos incêndios florestais e identificar as zonas estratégicas de gestão.

Financiado pelo programa INTERREG, o CILIFO é um projeto multidisciplinar que integra várias especialidades: a área da engenharia florestal e paisagística, a engenharia mecânica, deteção remota, matemática, química e física.

“Para além das ignições artificiais e criminosas, o fogo também é um fenómeno natural” diz-nos Rui Salgado. “O que nós temos de saber fazer é impedir que os fogos tenham a capacidade destrutiva a que temos assistido, nomeadamente nos incêndios de 2017 ou no caso de Monchique em 2018 e que a floresta e a paisagem esteja ordenada para diminuir estes riscos”, continua. 

Fazer a “reanálise” meteorológica dos grandes incêndios, ou realizar simulações com modelos meteorológicos de escala mais fina para permitir caracterizar a parte da meteorologia e estudar a possibilidade de melhorar a previsão da ocorrência de raios, são duas das tarefas colocadas nesta área. Para além do risco de perigosidade meteorológica, está-se a trabalhar para criar outro índice de perigosidade: “se houver uma ignição, qual o risco de ter um grande incêndio?” Não é exatamente a mesma coisa, diz-nos Rui Salgado. “Há zonas onde pode deflagar com facilidade um incêndio mas isso pode não ser grave e pode haver sítios onde se se iniciar um fogo pode ser devastador e essa informação pode ser valiosa para a proteção civil.”

O que pode arder?

Outra das áreas em que se está a trabalhar é na utilização dos satélites existentes. A avaliação de projetos de Copernicos, estrutura europeia que utiliza um vasto conjunto de satélites para conhecer melhor as florestas e, dentro desta, avaliar as imagem sentinel para gerar mapas de modelo de combustível, para conhecer melhor o combustível que existe, foi outro dos objetivos a que os cientistas se propuseram. 

Todo este trabalho está a ser realizado em estreita ligação com as forças da proteção civil procurando virar os estudos para as necessidades operacionais.

Além desta relação, o projeto também está a trabalhar na área da formação e sensibilização através de cursos de formação e ações de prevenção junto das escolas básicas e da população mais idosa da região.

Oiça a entrevista completa.