Instituto Ciências da Terra – Universidade de Évora vê aprovado o FIREPOCTEP, projeto INTERREG para o Fortalecimento dos sistemas transfronteiriços de prevenção e extinção de incêndios florestais e melhoria dos recursos para a geração de empregos rurais pós-Covid-19

Com o objetivo de trabalhar na adaptação às alterações climáticas através da prevenção e gestão da paisagem exposta a grandes incêndios florestais, o projeto pretende identificar as zonas estratégicas de gestão para minimizar o risco e o impacto dos grandes incêndios florestais através da gestão agrosilvopastoril da paisagem.

Como as alterações climáticas podem afetar a Península Ibérica nas próximas décadas? Quais as áreas mais propensas à ocorrência de incêndios florestais? Como os grandes incêndios afetam as comunidades locais?

Estas são são algumas das perguntas a que os investigadores do ICT tentarão responder a partir de projeções climáticas obtidas através do “Couple Model Inter–comparison Project – CMIP5, do estudo dos dados obtidos através do “European Forest Fire InformationSystem” e dos índices de risco de incêndio calculados pelo Global ECMWF Fire Forecasting model (GEFF). O estudo concentrar-se-á na identificação das áreas de risco e no impacto dos grandes incêndios na comunidade.

O projeto estudará ainda a caracterização da diversidade microbiana dos solos afetados pelos fogos naturais e prescritos como bioindicador do impacto do fogo. 

O fogo prescrito parece ser uma das soluções mais eficazes a curto prazo para a redução do combustível existente em parte da paisagem. No entanto existem muitas dificuldades e incertezas no uso desta técnica e falta de confiança na sua aplicação. Estudar o impacto do fogo prescrito nos sistemas ecológicos e, particularmente, o impacto sobre a componente microbiológica do solo (diversidade microbiana) e a sua “saúde” (capacidade do solo para se suster, para a biodiversidade e produção de biomassa) é essencial para a avaliação desta solução.

Através da seleção de áreas recentemente queimadas e do uso de inovadoras ferramentas moleculares que permitem a caracterização dos perfis filogenéticos de bactérias e fungos nas zonas selecionadas e através do sequenciamento massivo (Next Generation Sequencing “NGS”) serão determinadas ainda as corelações entre a diversidade microbiana e parâmetros fisicoquímicos dos solos estudados.

As sequencias do NGS serão depositadas nas bases de dados internacionais do National Center for Biotechnology Information.

A par da investigação científica a produzir, o projeto aposta ainda na formação e sensibilização da população rural através de cursos de formação e de cooperação entre pessoal operativo e outros agentes que participam na luta contra os incêndios florestais ampliando a capacitação da população e potenciando as sinergias criadas e na formalização de um espaço de encontro entre Universidades, investigadores e outros especialistas possam colaborar e impulsionar projetos comuns.

O FIREPOCTEP pretende ainda capacitar e dotar de materiais o pessoal operativo para poder intervir de ambos os lados da fronteira e desenvolver um sistema de acreditação para a formação dos dispositivos que normalize procedimentos de segurança pós COVID-19.

Áreas natura 2000 incluidas: 

PTCON0037 (SIC e ZPE de Monchique); 

PTCON0057 (SIC e ZPE do Caldeirão); 

PTCON0049 (SIC do Barrocal); 

PTCON0052 (SIC de Arade e Odelouca); 

PTCON0012 e PTZPE0015 (SIC e ZPE da Costa Sudoeste).

O Projeto FIREPOCTEP agora aprovado é um projeto de colaboração transfronteiriça entre Espanha e Portugal para fortalecer os sistemas comuns de prevenção e extinção de incêndios florestais e para melhorar os recursos para a criação de emprego rural pós Covid19 foi aprovado.

O orçamento da Universidade de Évora ascende a 126900€ sendo a contribuição do FEDER de 95175€.

Colaboração Transfronteiriça

Na senda do CILIFO – projeto para a criação de um Centro Ibérico para a Investigação e Luta contra os Incêndios Florestais, o FIREPOCTEP pretende capitalizar os resultados, conhecimentos e boas práticas já existentes em matéria de prevenção e luta contra os incêndios florestais.

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Momentos antes do início de um fogo prescrito – TREX, Portugal 2018. Foto S. Couceiro