Instituto Ciências da Terra – Universidade de Évora instala Sistema de Alerta Precoce de Sismos em Portugal

O Instituto Ciências da Terra (ICT) – Universidade de Évora (UÉ) está a capacitar a rede nacional de monitorização sísmica, permitindo o desenvolvimento de um Sistema de Alerta Precoce de Sismos (Earthquake Early Warning System – EEWS), incluindo os gerados na região Atlântica adjacente ao território português. Este Sistema de alerta é fundamental não só para Portugal, mas também para a Europa. A equipa é constituída pelos docentes e investigadores José Fernando Borges, Bento Caldeira e Mourad Bezzeghoud.

O projeto Earthquake Early Warning System, ou seja, Sistema de Alerta Precoce de Sismos (em português) serve para complementar e reforçar a rede nacional de monitorização sísmica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

A instalar em quatro locais na região algarvia, o sistema EEWS baseia-se no cálculo do intervalo de tempo entre as ondas sísmicas primárias (designadas por P, mais rápidas) e as ondas secundárias (designadas por S, mais lentas). O intervalo de tempo é calculado a partir das velocidades de propagação das ondas P e S. No entanto, há que realçar “que as ondas S e de superfície são as mais destrutivas”, explica Mourad Bezzeghoud, professor do departamento de Física e investigador no Instituto de Ciências da Terra da Universidade de Évora.

“Quanto mais próximo estamos do epicentro, menor é o intervalo de tempo (entre P e S) e quanto mais próximo estamos do mesmo, mais graves são os estragos”, frisa o investigador, uma vez que, “quanto mais perto estamos do epicentro, menos tempo temos para alertar e reagir, e quanto mais longe estamos do mesmo, mais tempo temos para reagir e tomar medidas de proteção” acrescenta Mourad Bezzeghoud.

O objetivo deste sistema é “detetar os sismos e determinar algumas das suas características, incluindo localização e magnitude, antes que os efeitos dos fortes sismos atinjam áreas críticas” e desta forma permitir a tomada de decisão e a implementação de medidas de proteção em tempo útil.

Quando “a magnitude de um sismo chega perto de nove pode haver um tsunami de alguns metros, mas, com um sismo igual ou acima de 9, o tsunami pode ser catastrófico e, em Portugal, com cidades muito perto do mar, isso significa que temos segundos ou um minuto no máximo para alertar as autoridades”, frisou.

A rede sísmica nacional, da competência do IPMA, é constituída por “sismómetros de superfície” e os quatro que fazem parte do EEWS, a instalar “na zona de Sagres”, no Barlavento algarvio, “são os primeiros a ser instalados em profundidade em Portugal”, enterrados “a 30 metros”.

“Vão ficar em terrenos públicos, já temos protocolos assinados com as câmaras municipais desses concelhos algarvios e o mês de maio vai servir para fazer os furos todos”, indicou, assinalando que, as estações sísmicas “vão ser instaladas em junho” e que a profundidade de 30 metros pretende “evitar interferência de todo o ruído ambiente” para que os sismómetros “captem sinal puro, para apanharem só os sismos”.

Essa instalação “é mais rápida e, à medida que cada estação é instalada, fica logo operacional” e ligada à unidade de investigação ICT-UÉ e à rede sísmica nacional do IPMA, disse.

O EEWS é a contribuição da UÉ para o projeto EMSO-PT – European Multidisciplinary Seafloor and Water Column Observatory, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), Comissão Europeia e programa Portugal 2020.

No EMSO-PT, os investigadores pretendem criar e desenvolver infraestruturas de investigação científica e tecnológica no âmbito das Ciências do Mar e do Ambiente Marinho, visando alargar o número de estações sísmicas em terra, melhorando a rede de monitorização sísmica nacional.