Aumento das taxas de infeção pelo SARS-CoV-2 correlacionado com maiores concentrações de pólen no ar

Estudo Internacional, com a participação de investigadores da Universidade de Évora, revelou uma correlação direta entre maior concentração de pólen e aumento das taxas de infeção pelo SARS-CoV-2 (PNAS 2021, 118 (12): e2019034118).

 

O maior estudo desenvolvido até agora nesta área envolveu a análise de dados de 130 estações polínicas em 31 países e 5 continentes tendo decorrido entre 10 e 14 de março de 2020.

A equipa contou com a participação, da parte da UÉ, de Célia Antunes, Ana Rodrigues Costa e Ana Galveias, do Instituto de Ciências da Terra (ICT), e Elsa Caeiro, do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED).

A exposição ao pólen enfraquece a imunidade contra certos vírus respiratórios sazonais, diminuindo a resposta antiviral. O estudo agora apresentado conclui que o mesmo se aplica à síndrome respiratória provocada pela pandemia coronavírus 2 (SARS-CoV-2), se as ondas de infeção coincidirem com altas concentrações de pólen no ar.

A hipótese inicialmente colocada era de que mais pólen no ar levaria a aumento das taxas de infeção. Para tal, realizou-se uma análise de dados transversal e longitudinal sobre infeção pelo SARS-CoV-2, pólen no ar e fatores meteorológicos. Para investigar explicitamente os efeitos do contato social, também foi considerada a densidade populacional de cada região assim como os efeitos do confinamento nas várias hipóteses possíveis: sem efeitos de confinamento, em situações mistas e em confinamento completo.

Verificou-se que o confinamento reduziu pela metade as taxas de infeção sob concentrações semelhantes de pólen.

O estudo concluiu ainda que a exposição ao pólen em conjunto com humidade relativa e a temperatura, explicou em média, 44% da variabilidade da taxa de infeção. A taxa de infeção aumentou concomitantemente com  altas concentrações de pólen.

“Sabe-se agora que o pólen transportado pelo ar, associado a aspetos como a idade, a humidade e a temperatura ajudam a explicar em média, 44% da variabilidade da taxa de infeção” pelo SARS-CoV-2, destacou Célia Antunes, acrescentando ter ficado demonstrado no estudo que as taxas de infeção pelo novo coronavírus “aumentaram após o registo de concentração elevada de pólen nos quatro dias anteriores à infeção de determinado indivíduo”.

Não havendo medidas preventivas que permitam eliminar o pólen do ar, o estudo sugere uma ampla divulgação dos efeitos da co-exposição pólen-vírus e encorajar indivíduos de alto risco a usar máscara durante as fases de concentrações elevadas de pólen na primavera.