90 segundos de Ciência: Projeto de Carlos Ribeiro, investigador do ICT  pretende avaliar o risco de tsunami para as populações litorais do estuário do Tejo

Carlos Ribeiro, docente no Departamento de Geociências da Universidade de Évora () e investigador no Instituto de Ciências da Terra (ICT) e no MARE – Centro de Ciências do Mar e Ambiente, está a desenvolver o projeto TagusGas com o objetivo de avaliar as condições que estiveram na génese de um deslizamento de terrenos submarinos na Foz do Tejo, há cerca de 8 mil anos. 

Neste local, designado por delta do Tejo, foi identificado um deslizamento submarino de cerca de um quilómetro cúbico de material. Este deslizamento levou à movimentação de um volume de terra com dez quilómetros de comprimento, por quatro de largura, e com uma espessura média de 20 metros.

Ocorreu assim um tsunami que terá devastado as margens litorais desta região.

Se este fenómeno se voltasse a repetir representaria um grande risco para as populações litorais uma vez que um deslocamento de uma quantidade tão grande de material poderá provocar um tsunami que colocará em risco estas populações.

“No primeiro projeto que estudou esta zona em mais detalhe conseguiu-se caracterizar a morfologia do corpo que deslizou. Para além disso também observámos que na zona onde houve deslizamento submarino os sedimentos parecem não ter gás, enquanto fora dessa zona os sedimentos têm gás livre. Isto levou-nos a questionar sobre qual a influência do gás neste deslizamento”, explica.

Nos sedimentos submarinos é comum encontrar vestígios de gás. Este gás pode ser provocado pela decomposição de matéria orgânica no interior destes sedimentos ou devido à presença de depósitos de hidrocarbonetos.

Ao melhor compreender a influência do gás neste deslizamento será possível desenhar modelos preditivos para avaliar o risco de ocorrência de um novo deslizamento no delta do Tejo.

“O gás terá ou não facilitado o deslizamento? Será que o gás existia na zona do deslizamento submarino e libertou-se durante a movimentação do terreno? Essa questão não está esclarecida ainda, portanto é preciso pegar nas amostras e tentar perceber que gás é aquele e de que forma é que ele poderá de ter contribuído para as propriedades mecânicas dos sedimentos que constituem o delta”, revela.

Este projeto encontra-se atualmente a desenvolver campanhas de amostragem de sedimentos e da coluna de água junto do delta do Tejo para tentar responder a estas questões.

Conheça mais em https://www.90segundosdeciencia.pt/episodes/ep-953-carlos-ribeiro/