Campanha oceanográfica M162 – GLORIA FLOW

Campanha oceanográfica M162 – GLORIA FLOW

Exploring subsurface fluid flow and active dewatering along the oceanic plate boundary between Africa and Eurasia in the Central North Atlantic – (Gloria Fault)

Encontra-se a decorrer entre 5 de março e 5 de abril a campanha oceanográfica M162 – GLORIA FLOW, a bordo do navio oceanográfico alemão Meteor, chefiada pelo Dr. Christian Hensen do GEOMAR Helmholtz-Zentrum für Ozeanforschung. A área de estudo localiza-se no Oceano Atlântico, ao longo de um segmento da fonteira de placas Açores-Gibraltar conhecido como Falha de Glória. O projecto é financiado pela agência alemã German Science Foundation (DFG) e tem como objetivo principal compreender os processos geológicos que medeiam a circulação de fluidos subterrâneos no oceano profundo. De particular importância é a compreensão das relações entre a circulação de fluidos e a sismicidade, assim como entender as interacções geosfera-biosfera-hidrosfera.

O segmento oriental da fronteira de placas Açores-Gibraltar, a sudoeste da Península Ibérica tem sido alvo de numerosos estudos de geologia e geofísica marinha, nomeadamente no que diz respeito a processos tectónicos geradores de grandes sismos e de tsunamis, como o de 1755 e de 1969.

A Falha da Glória corresponde ao prolongamento para Oeste desta fronteira de placas, um segmento de cerca de 900 km menos conhecido e cuja estrutura profunda anómala foi descrita por cientistas portugueses e alemães (L. Batista nesta equipa e outros). Foi na Falha da Gória que em 1941 teve origem o sismo de maior magnitude instrumentalmente medido no Atlântico Norte, Europa e África, com magnitude 8.4 na escala de Richter.

Será também investigado um segmento chave do rifte da Terceira, uma estrutura tectónica a NE do planalto dos Açores, que constitui um dos segmentos do ponto triplo que separa as placas litosféricas Americana, Euroasiática e Africana. A estrutura profunda desta área foi recentemente alvo de doutoramento do mesmo cientista português da Universidade de Lisboa – IPMA (Luís Batista e outros) em colaboração com a Universidade de Hamburgo. Neste local foram encontradas evidências de atividade hidrotermal anómalas em fase de estudo.

Durante o decorrer da campanha serão usados um conjunto de técnicas de amostragem indirecta e directa da crusta oceânica profunda, nomeadamente sistemas de acústicos de prospeção, medição de propriedades térmicas da crusta, captação de imagens de vídeo e amostragem de sedimentos e fluidos.

Os sistemas acústicos não são potencialmente nocivos aos mamíferos marinhos mas, ainda assim, há um grupo de observação dos mesmos durante as experiências. Simultaneamente são amostrados sedimentos para o estudo da componente biológica, focada na ecologia do meiobentos, com o objetivo principal de relacionar os ambientes estudados com as comunidades de nematodes marinhos de vida livre associados a estes sedimentos de mar profundo.

A equipa portuguesa é constituída por cientistas do IPMA, da Universidade de Lisboa – Instituto Dom Luiz e da Universidade de Évora – Instituto de Ciências da Terra e o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (Pedro Terrinha, João Duarte, Helena Adão, Luis Batista, Katarzyna Sroczynska e Pedro Nogueira).